Da matéria à memória: a escolha dos materiais em nossos projetos

8 de maio de 2025

Nesta edição da nossa newsletter, destacamos a importância da escolha consciente de materiais ao realizar um projeto de interiores — e como eles se complementam com a arquitetura, seja em espaços residenciais ou comerciais — citando como exemplo alguns dos trabalhos que realizamos ao longo dos anos.

Na seção Novidades do Mercado, compartilhamos impressões sobre nossa visita à edição de 2025 do Salone del Mobile Milano – o maior evento internacional de design e mobiliário –, reforçando o compromisso do VAGA em manter-se conectado às principais tendências e desafios globais.

Confira:

A escolha dos materiais é fundamental para criar atmosferas e modular luz, som e temperatura. Texturas naturais, como madeira, granilite, linho ou pedra, trazem uma presença poética e ajudam a construir espaços mais humanos, nos quais cada elemento se conecta ao outro, oferecendo conforto e bem-estar para os usuários, seja em projetos residenciais ou comerciais.

Entendemos que arquitetura e interiores são extensões um do outro, funcionando como uma continuidade. Por isso, durante o desenvolvimento de um projeto, criamos um conceito central que guia todas as decisões de linguagem, funcionalidade e estética.

Em nosso projeto para a Sede ICA Zona Leste (Instituição de Incentivo à Criança e ao Adolescente de Mogi Mirim) — uma organização que utiliza a arte-educação como ferramenta de transformação social — utilizamos materiais e técnicas alinhados à essência do projeto e aos princípios da instituição. Adotamos um sistema integrado de estrutura e vedação em tijolos de solo-cimento compactado, no qual a terra local é utilizada como matéria-prima, reforçando a noção de pertencimento. Além disso, esse sistema apresenta menor impacto ambiental, bom isolamento térmico e acústico, baixa manutenção e alta viabilidade financeira.

Sede ICA Zona Leste

“Nosso processo começa com escuta. Entendemos como os clientes vivem, o que valorizam, quais suas memórias e referências sensoriais. A partir disso, construímos um conceito de projeto que orienta todas as escolhas — inclusive a dos materiais.” – Pedro Faria, sócio fundador do VAGA. 

A curadoria de materiais é feita de forma colaborativa entre arquitetura, interiores e cliente. O uso coerente da paleta de materiais é indispensável para criar uma transição suave entre o espaço externo e interno, além de ser responsável pela construção de uma identidade única e coesa para cada projeto, respeitando sua essência e as pessoas que o habitam. 

É o caso do nosso projeto para a Flagship Zissou Pinheiros, desenvolvido em parceria com o atelier Pistache Ganache e os sócios da Zissou. Redesenhamos a identidade arquitetônica da marca para a nova flagship, onde um revestimento rosa coral cobre as paredes como uma membrana contínua, criada junto à equipe de cenografia.

Essa intervenção é a responsável por buscar o visitante na calçada – lugar onde “vivemos” – e o conduzir para uma jornada pelo espaço interno da loja – que representa o “dormir” -, conectando o sono e a vida cotidiana, percorrendo o piso térreo da loja e criando texturas e cores que comunicam a tecnologia e a inovação dos produtos da Zissou.

Flagship Zissou – Foto: Carolina Lacaz

No VAGA, acreditamos que a escuta dos clientes é tão importante quanto as questões técnicas: é ela que conecta as pessoas aos espaços de maneira íntima e duradoura. Um exemplo disso é o projeto da Casa Maria Rosa, onde transformamos uma antiga residência em um refúgio urbano, criando uma atmosfera de calmaria e tranquilidade para a moradora e seus convidados. Reaproveitamos materiais preexistentes, combinando-os a um design contemporâneo — como tijolo, concreto armado e madeira — elementos que exaltam a simplicidade e a rusticidade do imóvel original. 

Casa Maria Rosa – Foto: Carolina Lacaz

“Um piso de madeira pode lembrar a casa dos avós, enquanto o cheiro do concreto ou a textura de uma pedra natural pode remeter a uma viagem marcante. Cada material carrega consigo um repertório sensorial — temperatura, som, textura, aroma — que cria vínculos emocionais com os usuários.” – Pedro Domingues, sócio fundador do VAGA.

Após a etapa de escuta, avaliamos o contexto da obra — clima, luz, entorno — e o orçamento disponível, para desenvolver projetos viáveis que atendam aos desejos dos moradores. Também valorizamos o uso de materiais naturais, de fácil manutenção e com impacto ambiental reduzido, equilibrando estética com durabilidade, funcionalidade e custo-benefício. Muitas vezes, soluções simples podem oferecer grande impacto estético e excelente desempenho.

Trabalhamos com a ideia de permanência: preferimos materiais que envelhecem bem, que se transformam com o uso, em vez de revestimentos que demandam substituições constantes. Para nós, a estética não está dissociada da função — ela é o resultado de boas decisões técnicas.” – Pedro Faria, sócio fundador do VAGA.

No projeto da residência modelo Casa Manacá, por exemplo — um imóvel à venda, sem um morador específico — o desafio da indefinição influenciou diretamente as decisões estéticas e funcionais. Foram adotadas soluções de baixo custo, mas com alto refinamento técnico e estético. O sistema construtivo foi composto por estrutura metálica (inclusive na cobertura), que se tornou protagonista do projeto, e paredes de alvenaria, priorizando eficiência de obra e rapidez na construção.

Casa Manacá – Foto: Carolina Lacaz

“Ao escolhermos materiais que dialogam com o entorno, com a biografia dos moradores ou com o tempo, estamos desenhando não apenas espaços, mas experiências. A escolha da matéria é, no fim, uma escolha ética e poética — e é isso que nos move.” – Pedro Domingues, sócio fundador do VAGA.

Novidades do Mercado: 

Referências globais e inovações locais: o VAGA no Salone del Mobile Milano 2025


A arquiteta Nelly Domingues representou o VAGA Arquitetura na edição 2025 do Salone del Mobile Milano, o maior evento internacional de design e mobiliário. A participação faz parte do compromisso do escritório em manter-se conectado às principais tendências e desafios globais, buscando repertório para enriquecer sua produção autoral com soluções eficientes, conscientes e afetivas.

Entre os destaques da feira, observaram-se movimentos claros em direção a um design pensado para o ser humano: materiais naturais com acabamentos artesanais, iluminação cênica, tecnologias aplicadas de forma sutil e sistemas construtivos modulares e sustentáveis. As instalações funcionavam como experiências imersivas, combinando natureza, tecnologia e narrativa para despertar os sentidos e reforçar o papel emocional do espaço.

Mais do que uma vitrine de lançamentos, Milão evidenciou o impacto das transformações culturais, ambientais e sociais no modo como projetamos. Temas como “Mundos Conectados” e “Pensado para Humanos” guiaram curadorias que propõem um design mais consciente, funcional e alinhado ao comportamento contemporâneo. O design resgata sua essência: servir às pessoas com presença e propósito.

A experiência em Milão foi mais do que uma atualização técnica:

“Milão mostra que é possível inovar com sutileza. A arquitetura atual pede cada vez mais por sensibilidade, conforto e presença, e isso estava em cada detalhe das instalações que visitamos.” – Nelly Domingues, responsável pela área de Relacionamento e Novidades do Mercado do VAGA.

A vivência fortalece o olhar curatorial do VAGA, que valoriza escolhas conscientes e coerentes com o contexto de cada projeto. A partir desse repertório, o escritório segue propondo soluções sofisticadas, afetivas e viáveis para uma arquitetura cada vez mais conectada com as pessoas e com o tempo em que vivemos.

Para saber mais, confira a participação da arquiteta Nelly no Talk Conceito Feira de Milão – Tendências e Novidades no Salone del Mobile, promovido pela Casa Mimosa Conceito, no vídeo abaixo: 

Gostou desse conteúdo? Indique para um amigo que se interesse pela arquitetura.

Clique aqui e conheça mais sobre nossa arquitetura e nossos projetos