Sistemas construtivos não convencionais: os materiais que estão mudando a arquitetura 

31 de janeiro de 2024

Nesta nova edição da nossa newsletter, exploramos a crescente importância da adoção de materiais e sistemas construtivos que prezam pela sustentabilidade, eficiência e inovação, redesenhando o panorama da arquitetura.

Materiais como madeira industrializada (MLC/CLT), terra (taipa de mão/pau-a-pique, taipa de pilão, tijolos de solo-cimento), steelframe e woodframe, além de impressão 3D, são exemplos de novas formas de construir que estão se difundindo entre os arquitetos que buscam soluções personalizadas e inovadoras para criar projetos coerentes com os desafios do nosso tempo.

Estes sistemas construtivos não convencionais já são utilizados por alguns profissionais, mas tendem a ser amplamente inseridos na arquitetura em um futuro próximo, por vários motivos, entre eles:

Sustentabilidade: mais sustentáveis do que sistemas convencionais, podem reduzir o impacto das construções;

Inovação e Design: permitem maior liberdade projetual, soluções mais arrojadas e criativas;

Eficiência Construtiva: diminuição de prazos, redução de custos e menor desperdício de materiais, principalmente em sistemas como impressão 3D e construção modular;

Avanços Tecnológicos: com o passar do tempo, novas tecnologias chegam ao mercado, capazes de tornar esses sistemas mais acessíveis, eficientes e econômicos;

Demandas do Mercado: cada vez mais consciente ambientalmente, novas regulamentações exigirão práticas construtivas mais sustentáveis, encontradas nestes novos sistemas construtivos;

Adaptabilidade: versatilidade de implementação em projetos de diversas escalas, desde pequenas intervenções urbanas até grandes empreendimentos arquitetônicos.

“A utilização de materiais inovadores e processos construtivos mais eficientes pode resultar em menor impacto ambiental, redução no consumo de água e recursos naturais e, muitas vezes, menor geração de resíduos.” – Pedro Domingues, sócio-fundador do VAGA. 

No entanto, ao implementar sistemas construtivos não convencionais, alguns desafios devem ser superados, como entender a resistência e durabilidade dos materiais escolhidos para garantir que todos atendam aos padrões de segurança e regulamentações locais. Por se tratarem de sistemas recentes, os custos elevados em relação à construção convencional e a falta de conhecimento dos profissionais da área, tanto projetistas como executores, também são barreiras a serem ultrapassadas.

Além disso, a integração desses sistemas com outros métodos mais tradicionais deve ser levada em conta, possibilitando uma transição suave e eficaz entre as diferentes abordagens construtivas.

“Embora possa haver desafios a serem superados, como custos iniciais mais elevados e resistência a mudanças na indústria, a tendência é que a adoção desses sistemas cresça à medida que a conscientização, a pesquisa e o desenvolvimento, continuem a impulsionar a inovação na arquitetura e construção.” – Pedro Faria, sócio-fundador do VAGA.

Visita à fábrica da ITA Construtora

Alguns exemplos de sistemas construtivos alternativos aos tradicionais:

– Madeira Industrializada: a madeira laminada colada (MLC) e a madeira laminada cruzada (CLT) são exemplos de uso de um material renovável associado a um processo industrial, que contribui para a redução do impacto ambiental, além de permitir uma construção mais rápida e eficiente. Oferece grande flexibilidade de design, possibilitando a criação de estruturas complexas e inovadoras. Algumas desvantagens são os altos custos iniciais e a sensibilidade à umidade, o que exige cuidados adicionais.

– Terra (taipa de mão/pau-a-pique, taipa de pilão, tijolos de solo-cimento): material que possui um baixo impacto ambiental, é ecologicamente sustentável, uma vez que é um recurso amplamente disponível nos locais, e também apresenta uma boa capacidade de regulação térmica. No entanto, o material é mais frágil e, portanto, mais suscetível a danos decorrentes da ação do tempo, além de limitar algumas opções projetuais em comparação com sistemas mais flexíveis.

– Steelframe e Woodframe: sistemas leves, secos, fáceis de serem transportados e montados. Eles reduzem a carga sobre as fundações, encurtam o tempo da obra, além de permitirem uma eficiência energética e grande precisão construtiva, por serem fabricados em ambiente controlado dentro de um sistema modular. No entanto, possuem altos custos iniciais e algumas limitações estruturais para projetos de grande escala, exigindo reforços adicionais.

– Impressão 3D: o uso da robótica na construção reduz significativamente o desperdício de materiais durante o processo construtivo, torna o processo mais rápido quando comparado com métodos tradicionais, e permite a criação de formas arquitetônicas complexas e personalizadas. Algumas desvantagens incluem os altos custos iniciais para a tecnologia de impressão, e a limitação de materiais, ainda sem muita resistência e durabilidade, por se tratar de um sistema ainda embrionário.

O que esperar do futuro?

O futuro da arquitetura é tão empolgante quanto desafiador. Materiais biofabricados e nanomateriais estão surgindo como protagonistas na próxima era da construção. Estamos testemunhando a criação de edifícios que respiram, materiais que se adaptam e soluções que moldarão cidades mais sustentáveis e belas. O desejo coletivo por ambientes construídos que se alinham com princípios sustentáveis, impulsiona a pesquisa e o desenvolvimento contínuos nesse campo.

O VAGA procura estar sempre atento à essas novas tecnologias, materiais e sistemas construtivos, já tendo viabilizado alguns projetos que exploram novas formas de construir, como os exemplificados abaixo:

Sede ICA Zona Leste

Neste projeto para a nova sede da ONG de incentivo à criança e ao adolescente em Mogi Mirim – SP, utilizamos materiais que traduzem a essência da instituição, em uma obra eficiente e economicamente viável.

Para isso, foi construído um sistema integrado de estrutura e vedação em tijolos de solo-cimento compactado, onde a terra do local é a matéria-prima. Esta solução apresenta mínimo impacto ambiental, bom isolamento térmico e acústico, baixa manutenção, racionalização da construção e viabilidade financeira.

Casa da Sustentabilidade

A sustentabilidade guiou toda concepção conceitual deste projeto. Nele, sobre um piso permeável, inserem-se volumes de paredes de taipa de pilão, feitas a partir do solo local.

As escolhas dos materiais aplicados no projeto visam tanto a sustentabilidade ambiental quanto a redução de custo e logística para a implementação do edifício.

Casa São Fernando

No projeto desta casa de campo, adotamos um sistema construtivo que une a madeira laminada (MLC) com métodos tradicionais, como o telhado cerâmico, muito presente na arquitetura popular, visando uma construção rápida e eficiente com a atmosfera singular proporcionada pela madeira.

Casa Araucárias

No projeto desta residência em Campinas, apoiamos, a partir da base em concreto armado, uma estrutura leve e racional em madeira (MLC) que estrutura todo pavimento superior e a cobertura. Trata-se de uma obra pensada a partir do uso inteligente de recursos e rapidez na execução.

Essas tendências refletem o compromisso contínuo da indústria com soluções sustentáveis, eficientes e inovadoras, moldando o cenário da arquitetura que caminha em direção à criatividade, eficiência energética, redução do tempo de obra, uso de mão de obra mais qualificada, reduzindo problemas de execução e responsabilidade ambiental.

Novidades do Mercado

Visitamos recentemente a fábrica da ITA Construtora para aprofundar nossos conhecimentos sobre as avançadas soluções em Madeira Laminada Colada (MLC). A MLC, ao utilizar pequenos fragmentos de madeira para criar peças robustas e duráveis, exemplifica um compromisso com a gestão sustentável das florestas plantadas. O processo envolve a união de lâminas de madeira por meio de um adesivo certificado para uso estrutural, conferindo resistência à água.

No entanto, a fabricação das peças e elementos estruturais representa apenas uma fase do abrangente ciclo que permeia o design e construção em madeira. Este ciclo inclui etapas cruciais, tais como Estudo de Viabilidade, Projeto e Dimensionamento, Desenhos para Produção, Fabricação e Usinagem, bem como Transporte e Montagem.

Cada fase da produção da MLC é submetida a um rigoroso controle de qualidade, assegurando um processo totalmente rastreável, resultando em produtos de alta tecnologia e confiabilidade, respaldados por uma garantia de 20 anos.

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